Números

Pelotas cresce no Ranking dos Municípios, mas saúde e educação preocupam

Índice de competitividade mostra um salto de 28 posições no levantamento nacional, impulsionado pela segurança pública e tendo no capital humano a principal qualidade

Volmer Perez -

Divulgado anualmente, o Ranking de Competitividade dos Municípios aponta que Pelotas teve um salto de 28 posições em 2022, ocupando agora a 134ª colocação nacional. O grande impulsionador da melhoria foi a diminuição dos índices de criminalidade, com a segurança pública sendo a 53ª melhor do país, um avanço de 135 posições. No entanto, o grande destaque pelotense é o capital humano que, mesmo em queda, ocupa a 11ª colocação geral. Nos desafios, itens básicos como acesso à saúde (331º) e educação (281º) chamam atenção, junto com a sustentabilidade fiscal (298º), todos em baixa.

O ranking é dividido por diversos quesitos: quanto à economia, Pelotas está em alta, assim como no item sociedade. O ponto instituições, porém, mostra queda de 26 posições, pela diminuição da sustentabilidade fiscal (298º, 52 abaixo da última vez) e funcionamento da máquina pública (72º, queda de 33 posições). Para o pesquisador em Economia do Escritório de Desenvolvimento Regional (EDR) da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), Gustavo Frio, o grande desafio é fazer novos investimentos nas áreas em baixa, enquanto mantém o equilíbrio nas contas. "A sustentabilidade fiscal é essencial para que o município possa prover e manter políticas públicas, bens e serviços para a população", afirma.

O também economista João Carlos Madail, do Conselho Regional de Desenvolvimento (Corede), integrante do Conselho Regional de Economia (Corecon) e diretor da Associação Comercial de Pelotas (ACP), destaca que a competitividade ou a importância econômica de um município é medida pelo Produto Interno Bruto (PIB). "Quanto mais diversificada a economia, maior a possibilidade de competitividade. Pelotas, apesar de ser o quarto município mais populoso do Estado, não está no ranking das dez maiores economias", lamenta. Ele diz que é necessário diversificar para gerar empregos. "Como mantemos um significativo polo de ensino técnico e superior, nossos talentos não ficam por aqui por falta de oportunidades."

E como melhorar?
O sociólogo e professor de Gestão Pública da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Márcio Barcellos, aponta que parte da resposta pode vir de Santa Catarina, estado que segue uma lógica de cooperação intermunicipal. No top dez da Região Sul, o estado tem seis cidades. "Eles têm uma cultura de gestão que os municípios conversam", destaca. E propõe que o ranking possa servir justamente para este intercâmbio de informações, para definir o que precisa melhorar e o que serve de exemplo para ajudar as demais cidades a evoluir. "Ele [o ranking] é bom parâmetro de comparação em relação ao desempenho de gestão em diferentes áreas setoriais."

Por Pelotas estar em uma posição intermediária, ele diz que é necessário estabelecer as cooperações, mas através de uma política pública bem estruturada, que sirva para identificar gargalos e apresentar soluções com base em cases de sucessos de outras regiões. O especialista em Gestão Pública destaca que a lógica da competitividade, por si só, é muito útil no setor privado, mas não tanto na administração pública, já que pode-se criar competição sem retorno lógico. Como exemplo, cita os incentivos dados a muitas empresas nos anos 90, que no fim não geraram empregos ou foram embora.

Como o município enxerga os dados?
A prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) afirma que o Pacto Pela Paz é o principal referencial para a melhoria na segurança. "Com a queda em todos os índices criminais registrados ano após ano e a criação de dezenas de programas de prevenção, a cidade se tornou referência nacional no setor." A chefe do Executivo comemorou, ainda, os avanços econômicos, associados às universidades e ao Parque Tecnológico.

No que diz respeito aos desafios, Paula diz trabalhar para resolver problemas históricos, buscando alternativas para melhorar os índices. Na saúde, ela lamenta a dificuldade para a contratação de médicos, embora aponte melhorias no trabalho de saúde da família e atenção básica. O fim do programa Mais Médicos por parte do governo federal, para ela, é o principal culpado para isso. "A cobertura vacinal é outro problema que tem como agravante a campanha nacional anti-vacina desenvolvida até por integrantes do governo federal. Uma realidade brasileira de que Pelotas, infelizmente, também foi vítima", avalia a prefeita.

Já na educação, ela cita melhorias sendo desenvolvidas, como o aumento no ranking do Índice do Desenvolvimento Básico (Ideb) e o investimento na ampliação do ensino infantil, mas lamenta que a pandemia tenha afetado o planejamento de expansão do ensino integral. Já no saneamento, Paula cita como um "grande desafio" a melhoria na coleta e tratamento de esgoto, mas lembra o fortalecimento recente do Sanep, com obras em andamento para melhorar o tratamento de água e esgoto. Por fim, cita que o município trabalha dentro dos limites na sustentabilidade fiscal, mas trabalha para tentar otimizar a arrecadação e ampliar o potencial de investimento.

Parque Tecnológico, um espaço para soluções
Citado pela prefeita como um exemplo, o Pelotas Parque Tecnológico une diversas empresas e as principais instituições de ensino da cidade. O vice-presidente do Tecnosul e superintendente de Inovação e Desenvolvimento Interinstitucional da UFPel, Vinicius Farias Campos, destaca que os próximos passos da instituição vão ao encontro de uma das principais demandas apontadas pelo ranking: expansão em saúde e tecnologia. Ele cita que Pelotas possui mais de uma dezena de cursos da área, gerando um número extraordinário de capital humano neste setor, além de ter uma das principais pós-graduações em Biotecnologia do país. "A gente apostou nessas áreas, nesse sentido. Se tiver talentos, se resolve qualquer coisa", pondera.

Ele diz que a lógica a ser seguida é defender a capacidade deste público sendo formado para trazer soluções para Pelotas. "A gente pode ter uma série de problemas, mas tá formando gente boa. O problema é estar perdendo eles para fora (...) se eu tenho um talento que fica aqui, ele acaba desenvolvendo as ideias aqui." Campos garante que, ao manter a mão de obra qualificada no município, um leque de possibilidades se abre, o que acaba por gerar soluções que rendem emprego, renda e impostos.

Confira o que o ranking fala sobre Pelotas
Economia: 49º (+ 41)
Pilares:
- Inserção econômica: 195º (+29)
- Inovação e dinamismo econômico: 81º (+16)
- Capital humano: 11º (-2)
- Telecomunicações: 256º (+59)

Instituições: 144º (-26)
Pilares:
- Sustentabilidade fiscal: 298º (-52)
- Funcionamento da máquina pública: 72º (-33)

Sociedade: 226º (+28)
Pilares:
- Acesso à saúde: 331º (-13)
- Qualidade da saúde: 146º (+146)
- Acesso à educação: 281º (-40)
- Qualidade da educação - 264º (-1)
- Segurança - 53º (+135)
- Saneamento - 231º (-17)
- Meio ambiente - 140º (+88)

Posição geral no país: 134º (+28)
Posição na Região Sul: 41º

 

 

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